Maria Caxuxa - 10 e muitos anos

Querido Ano Novo

Estou a escrever-te esta carta porque tenho umas coisinhas para te pedir. Deves estar admirado, não deve ser todos os dias que recebes uma carta, achas que só o Pai Natal tem esse privilégio. Como vês, não podes estar mais enganado. Bem, estou a escrever esta carta porque eu quero pedir-te umas coisinhas, sim, é uma daquelas cartas de "pedir coisas", esperavas o quê, que fosse uma carta de "Obrigado por mais um ano"? Também poderia ser, mas não é.

Bem, deixemo-nos de rodeios.
Querido Ano Novo, ouvi dizer que estás muito zangado e que vais dificultar a vida a toda a gente este ano. Não imagino porquê, será por causa do aquecimento global? Da reciclagem? Bem... ouvi dizer que estás mesmo mesmo zangado e que vai ser um ano terrível e difícil.
Não achas que já chega de anos terríveis e difíceis? Quer dizer, se reparares todos os anos fazemos (nós, humanos, os animais são animais bem mais simples), fazemos planos e listas de coisas que queremos mudar na nossa vida, e acredites ou não estamos empenhados a fazê-lo.

Queremos de facto melhorar a pessoa que somos e as coisas que fazemos, mas depois, depois os meses passam que nem cavalos selvagens num lago, levantam toda aquela nuvem de água no ar e acabamos por nos perder desse desejo de melhorar, de mudar. O que eu quero dizer é que todos os anos nos distraímos com as coisas mais estranhas: a bolsa, a guerra, as bombas, o emprego, o dinheiro que nunca chega para aquelas botas que eu tanto quero, para aquele fim de semana no Porto que ando a planear à séculos, enfim... todos os anos os teus primos fazem o mesmo, levam-nos num barquinho calminho, onde adormecemos sem mudar nada e subitamente temos mais um ano à porta e na nossa lista os mesmos desejos. Estás zangado, e possivelmente vais distrair toda a gente com problemas financeiros, consequentemente problemas familiares, a tristeza, a agonia... e mais uma vez vais fazer o que todos os outros anos fizeram, vais afastar-nos dos nossos objectivos (aquela simples lista que nos poderia fazer uma pessoa melhor).

Desafio-te a ser um ano diferente. O ano da diferença na vida de todos. Se emagrecer está na lista, então força de vontade, trás força de vontade, a força de vontade é capaz de fazer muito, até serve para ultrapassar as intempéries que aí trazes. Se mudar de emprego está na lista, que haja outras oportunidades, negócios a florescer, ideias no ar que sobrevivam. Se "Ser Feliz" também está na lista, que haja dias de sol, passeios na praia, mais piqueniques! Que haja mais amor, que ajudemos quem mais precisa, que não guardemos mais tempo dentro de nós as coisas que temos para dar aos outros. Lembra-te que podes ser o último ano para muitas pessoas, não queres fazer a diferença?
Tu podes fazer a diferença na vida de todos. Desejo que este ano, tu, não seja mais um ano como todos os outros, um barco que nos leva na corrente para lugares que não queremos ir.

Espero que penses nisto com todo o carinho.
Beijinhos
Maria Caxuxa, Portugal

Paloma - com chá e panettone

Dicen que por las noches
No má¡s se le iba en puro llorar
Dicen que no comia
No mas se le iba en puro tomar
Juran que el mismo cielo
Se extremecia al oir su llanto
Como sufria por ella
Que hasta en su muerte la fue llamando

Ay, ay, ay, ay, ay
Cantaba
Ay, ay, ay, ay, ay
Gemia
Ay, ay, ay, ay, ay
Cantaba
De pasion mortal Moria

Que una paloma triste
Muy de maá±ana le va a cantar
A la casita sola
Con las puertitas de par en par
Juran que esa paloma
No es otra cosa mas que su alma
Que todavia la espera
A que regrese la desdichada

Cucurrucucu
Paloma
Cucurrucucu
No llores
Las piedras jamás
Paloma
Que van a saber
De amores

Olha lá... eu tenho um número da sorte

É com todos os meus dedos pintalgados de tinta que aqui venho anunciar que se hoje houvesse um gelado no frigorífico eu fazia birra como se fosse uma miúda de 10 anos. Hoje não quero ir à escola, quero calçar as minhas galochas vermelhas e ir passear no meio das vinhas abandonadas para ver se encontro algum ninho, se não encontrar, então talvez tropece numa raposa e me deite de barriga para cima na relva quentinha com um cobertor de raios de sol.

Hoje quero andar de lacinhos no cabelo, correr e comer torradas com chá quando chegar a casa, naqueles bules antigos que já ninguém usa.

Ceremony

O Porto veio visitar Lisboa. As mesmas nuvens, a chuva, o frio. Só falta aquela luz amarelada do anoitecer, quando os candeeiros se acendem para iluminar as ruas enegrecidas pelo tempo. tenho saudades das vitrinas dos cafés, as mesas apinhadas, o brilho das luzes reflectida no chão... Ah, como me sabe bem esta visita!

ruminando histórias da aldeia

A semente está plantada. O terreno é suave. Só falta esperar!