Enquanto aguardava que lhe entregassem o telefone, podia ouvi-la à distância "minha Rute, minha Rute".
A quantas pessoas durante a nossa vida permitimos que digam tais palavras, de forma tão intensa, sem nos causar receio algum?
Vindas da sua boca, ainda que ela não soubesse que eu a escutava, senti-me envolta de um manto de amor infindável. Eu era daquela pessoa e não me importava, não havia receio algum em pertencer assim, inteira, àquele amor. Não foi sempre assim, sentimentos houve sempre mas que nem sempre eram verbalizados. Agora, ao sabermos que o tempo tem horas e minutos e não é para sempre, deixamos escapar palavras mais doces, prolongamos os abraços e damos as mãos - coisas que nunca haviam existido antes entre nós, pois o amor que nos unia não precisava de provas, cada uma com seu feitio e era assim que gostávamos uma da outra, incondicionalmente, mas sem grandes gestou ou palavras.
Hoje, no entanto, as horas e os minutos lembra-nos que esses pequenos gestos são importantes e vamo-nos entregando a estas provas de amor. Gravamo-las como tatuagens no coração para que nunca nos esqueçamos que somos uma da outra, para sempre.
Eu sou tua e tu és minha avó.