o dia um
Não sei porque ainda aqui venho - de vez enquando, certo, mas venho.
Sinto-me como uma velhinha de 80 anos que guarda de baixo da cama uma caixa de sapatos com cartas secretas que esconde desde que se casou aos 20.
É como escrever cartas sem destinatário que guardo, não sei para quê. Acho que é a esperança vã de encontrar alguém que leia a língua que eu falo.
Bem... aqui estou para escrever qualquer coisa sobre - sobre nada, quem sabe.
Escrevia sobre Lisboa para alguém que não conheço quando lhe digo que ao menos em Lisboa me encontro na cidade de onde grandes marinheiros partiram para lugares longínquos e desconhecidos, e sendo assim, esperava ser contagiada por esse espírito aventureiro e ser levada também para longe num navio pirata.
Ser destemida, não haver o medo do desconhecido, levar comigo um papagaio que come bananas para todo o lado e ter uma perna de pau da qual me orgulho bastante, obrigado por perguntarem.
Os primeiros dias do ano são sempre soturnos, parece que algo muda, temos sonhos e planos e lá ao fundo, nos meses que se avizinham, muitas tempestades e ilhas que não conhecemos, tribos canibais a querer comer a minha outra perna, e as saudades do nosso porto, lá longe numa Pátria da qual só nos lembramos do nome, e na memória umas imagens deslavadas de um rio.
Às vezes parece mais que estou num navio sem rumo, perdido no meio do oceano, sem saber para onde ir. Bah... disparates do primeiro dia do ano.
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1 comentário:
Vens porque há quem te siga e quem te leia e quem te goste, vens porque na rua está frio e não nos apetece ir na onda do vento, vens porque se amanha tudo mudar houveram pessoas que comentaram quem foste, porque jamais seras tu sem pensamentos, porque os sorrisos serão sempre teus.
Vens aqui porque se eu morrer amanha, estas palavras, as minhas ultimas antes do sono, foram deixadas no teu baú.
kiss kiss miuda... bom ano
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