Maria espancava todos os seus animais de estimação. Não fazia por mal. Levava-os para o quintal e escondida nas sombras batia nos gatinhos pequenos que a arranhavam de sofrimento.
Coitada.
Coitada da Maria.
Tanta pancada da vida fizeram-na acreditar que o amor era uma mão pesada no lombo. Arrependia-se, arrependia-se e com lágrimas nos olhos abraçava os gatos, beijando-os. Ao bater-lhes, não fazia mais que bater-se a si própria, uma espécie de procura solitária para dar um sentido ao amor. Não percebia nada do mundo a pobre Maria, o silêncio era o pão diário, e as estradas eram feitas de terra. Valia-lhe a vista da Serra do Marão, os gatos, que ainda assim a amavam, e o céu estrelado no mês de Agosto.
Maria tinha 7 ou 8 anos na altura em que eu escrevia sobre ela. Como a mãe lhe dizia, já era uma mulherzinha.
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