Não é tarde.
Quando se sentou na secretária, empenhada, percebeu que já não conseguia escrever. Cada frase desenhada no papel parecia um esquiço grotesco e vazio, sentiu que todas as palavras que pudesse querer dizer, haviam já sido ditas cem, mil vezes. "Não é tarde", pensou. Talvez não fosse. Talvez não fosse tarde para ser outra pessoa, ainda que no mundo houvesse já quem poderia vir a ser. E num desespero, abriu a janela em hesitação, parecia que tudo havia chegado ao fim. Mas nunca nada acaba. O telemóvel tocou. Valiam-lhe as mensagens, essas, ainda conseguia escrever, e bem.
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