A minha mãe chorava, vomitava e sorria - tudo ao mesmo tempo. Chorava sempre sentada nas escadas de pedra porque achava que ninguém a via. Era a sua tentativa inocente de fazer acreditar que o mundo estava bem, quando na realidade tudo estava mal. A mãe que eu conheci era a casca que vestia outra mãe, uma mãe mais pequenina triste e sozinha no seu mundo de menina mal amada.
Não sei porque me lembro destas coisas, talvez porque nunca me conformei com aquela porta a fechar as escadas, é como se quisessem fechar o passado. Aquelas escadas têm tantas lágrimas, que serão escadas de rua, sujas e molhadas para o resto da vida.
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