Desabitada

Temo, que nestas cerimonias diárias te te exorcizar do meu corpo e pensamento, que servem simplesmente para me esquecer de ti, tenha esquecido também quem sou. Não tinha pensado ainda, que para continuar a viver necessitaria de um pouco de veneno diário para tudo fazer algum sentido e imitar a sensação de rumo que é necessária para não enlouquecer.
O meu caderno está vazio. Não permito que nada aconteça em suas páginas. Talvez me falte imaginar o toque da tua pele. E ao escrever estas palavras, no limiar da piroseira romântica sei que para ser vil, crua e nua, preciso do teu mal. E o teu mal passa por me abraçares sabendo que no dia seguinte e em todos os outros não pensarás em mim.
E eu aqui, engolindo em seco o teu nome sempre que recordo o futuro que imaginei para nós. Não, não seriamos felizes... estou apenas certa que escreveria sobre nós e o quanto odiando-te te amaria.

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