a lua caíu na terra (por terminar)
Toda a gente sabe que foi naquele sábado quente de Junho. Saíu em todos os jornais, até aquele da Moita que ninguém lê. Mas eu estava lá, eu sei a história toda.
- Mas ò Ti'maria, conte lá melhor que eu ouvi dizer mas não se me entra na cabeça que isso se tenha passado como ouvi dizer.
Ò mulher de Deus, que a mim quaise que se me parou o coraçãozinho que Deuz me deu com aquela história. Estava eu a passar a minha combinçaõ azul-escura, a que comprei para as minhas idas ao médico - é que desde que o meu Antero morreu, nunca, nunca mais usei um trapinho de cor viva, roubada seja a minha alma pelo demos e eu aqui estiver a mentir - ora, estava a passá-la por uma águinha para não cheirar a naftalina, é que uma vez o diabo do médico, novo, da idade do pirralho da Alberta, ralhou-me por lhe cheirar a naftalina... já não há respeito nenhum pelas velhas. Bem, estava eu a passá-la por uma aguinha quando oiço um estrondo, um Sr. estrondo, enorme como se fosse uma bomba, eu sei lá, eu pensei que o mundo ía acabar, agarrei logo no meu terço, qu'isto de viver no século XXI parece-me que não será para muito mais tempo...
- Mas e depois, e depois...
Depois o céu começou a escurecer, como se o fogo do sol se tivesse apagado todo.
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