Sangria

Há um fantasma que espreita pela janela para saber as horas. Na minha embriagues, partilho com aquele fantasma o meu deconhecimento das coisas simples da vida. Arrasto os dedos para escrever, bebo, bebo e assim acredito que a vida é bela. Acredito que o amor e o sexo se descomplicam. Há coisas que te quero mostrar, eu quero mostrar-te coisas que não conheces. Só penso nelas quando estou bêbeda, se assim não fosse não saberia da sua existência. Passo à frente da tua janela e fico à espera que espreites, como aquele fantasma, mas nunca o fazes. Espreita meu amor... espreita.

Preciso de um nome novo...

tempo de mudar, é Primavera!

Sunny day

Conta-me histórias daquilo que eu não vi, conta-me histórias... que eu não vi.

notas soltas

Sempre imaginei que na vida haveria algures um farol para os que se perdem. Imaginei que como aqueles que buscam a terra no mar, um foco de luz me mostrasse que este caminho me está a levar para qualquer lugar. Sempre admirei os faroleiros, fazem parte do meu imaginário infantil. Para mim eram marinheiros com medo do mar, homens solitários, pensativos, que fumavam longos cachimbos pela noite dentro sentados numa cadeira velha. Algures na minha infância eu quis ser faroleiro. Ser a esperança longínqua de um chegar a cada tão desejado.

procurando-me

“Sou tão misteriosa que não me entendo.” (clarice lispector)

rainha de copas - 6 anos

"Mãe, a minha cabeça não me deixa em paz" "Não!?" "Não, eu queria deixa-la nalgum lugar mas ela sabe sempre onde me encontrar... devia era cortá-la e deixa-la lá fora ao pé das abóboras a ver se ela aprendia a lição" "Qual lição?" "A de deixar-me viver..."

na mesma folha solta dentro do meu caderno

Naquele tempo era normal os pais não amarem os filhos. Nada havia a fazer para os evitar, acontecia em qualquer altura e nem sempre na melhor. Sim, de facto, naquele tempo era normal não amar. A família era como uma sopa da pedra, vários desconhecidos sentados à volta da mesa, juntos para comer. O Português gosta de comer.
Por isto tudo eu morri à fome - a verdade é que nunca fui muito de comer com estranhos.

uma folha solta dentro do meu caderno

Maria espancava todos os seus animais de estimação. Não fazia por mal. Levava-os para o quintal e escondida nas sombras batia nos gatinhos pequenos que a arranhavam de sofrimento.

Coitada.
Coitada da Maria.

Tanta pancada da vida fizeram-na acreditar que o amor era uma mão pesada no lombo. Arrependia-se, arrependia-se e com lágrimas nos olhos abraçava os gatos, beijando-os. Ao bater-lhes, não fazia mais que bater-se a si própria, uma espécie de procura solitária para dar um sentido ao amor. Não percebia nada do mundo a pobre Maria, o silêncio era o pão diário, e as estradas eram feitas de terra. Valia-lhe a vista da Serra do Marão, os gatos, que ainda assim a amavam, e o céu estrelado no mês de Agosto.

Maria tinha 7 ou 8 anos na altura em que eu escrevia sobre ela. Como a mãe lhe dizia, já era uma mulherzinha.

=)

"I live on Earth at present, and I don't know what I am. I know that I am not a category. I am not a thing — a noun. I seem to be a verb, an evolutionary process — an integral function of the universe." R. Buckminster Fuller from "I Seem to be a Verb"

aliás, vale a pena pensar nisto

é preciso ter a luz certa para uma fotografia ficar perfeita. escrever era assim, escrevia-se quando estava sol, o alpendre fresco, o ribeiro a cantar, os pássaros conversando sobre os grilos da noite e as flores da tarde. escrevia-se sobre o sentimento mais simples da vida - o amor. naquele tempo escrevia-se sobre o que não se podia ver nem ouvir à luz do sol. suspirava-se entre cada palavra, depositava-se na tinta e no papel a esperança de um sorriso, de um final feliz. quem sabe ver o mar ao amanhecer, quem sabe o campo ao entardecer, e mais tarde, as estrelas na manta azul que a avó tempo teceu. o amor foi passando de moda. como um trapo colorido que ao sol foi perdendo a sua cor intensa. agora é só um pano deslavado e sem cor definida. um nem peixe nem carne. sentir por sentir. fingir não sofrer. os bilhetes de amor e as mãos dadas às escondidas fazem falta. o alpendre nunca mais foi o mesmo sem as cartas de amor. a ribeira canta mais baixinho, os pássaros? esses falam do tempo para o fazer passar.

High!

Got brass in pocket
Got bottle Im gonna use it
Intention
I feel inventive
Gonna make you, make you, make you notice

Got motion restrained emotion
Been driving detroit leaning
No reason just seems so pleasing
Gonna make you, make you, make you notice

Gonna use my arms
Gonna use my legs
Gonna use my style
Gonna use my sidestep
Gonna use my fingers
Gonna use my, my, my imagination

'cause I gonna make you see
Theres nobody else here
No one like me
Im special so special So special
I gotta have some of your attention give it to me

(Pretenders)

I'll be your plastic toy! For you...

A semana começa hoje. Começa exactamente às 11:30 (am). Há coisas sobre as quais eu gostaria de escrever, deixar uma mensagem importante para o mundo, falar sobre política, quem sabe religião... o problema é que... o problema é que hoje calcei uns sapatos novos e doem-me os pés. Sei que a maior parte das coisas que digo são uma patetice, e aquele pequeno mistake sobre o Japão, eu sei eu sei, marcou-me para sempre. Mas estou a tempo, não estou? Tenho tempo para poder fazer coisas que marquem alguns, estou a tempo de tornar o dia das pessoas mais alegre, mais azul? Porque raio é tão complicado assumir que temos quase 25 anos e que queríamos era ter 18? (são só uns 7 aninhos de diferença) O que é que marca profundamente as pessoas? Não é aquele punhado de memórias que se guardam religiosamente? Não é aquele suspiro de emoção naquelas noites sem fim em que o mundo nos pertencia? Não era dançar!? Preciso de ir andar de bicicleta. Mexer as pernas faz-me pensar (deixemo-nos de "cientifiquices", please). O mundo é um lugar confuso e eu hoje só penso em sapatos. Sim, sim, eu sei, eu sou grande. Mas o que eu queria mesmo era ir andar de baloiço, jogar ao apanha, brincar... brincar sem haver relógios e tempo, brincar sem pensar no resto do mundo inteiro a morrer à fome, a morrer e a morrer. Queria ter de novo aquela inocência de não saber nada do mundo, a inocência de poder ser o que quisesse pois tudo é possível! Eu já namorei com um vampiro, lutei contra os barões da droga, vivi nos Estados Unidos, beijei o Batman e jantei com o Spider Man, e hoje... hoje eu queria fazer tudo isso outra vez!

Blobs

Esta coisa da musica faz-me pensar: Como será escrever uma música que depois vai fazer parte da vida de tanta gente?

vem comigo!

Essa miúda é uma fogueira
Que te acende as noites em qualquer lugar
E tu desejas arder com ela
Enquanto bebes o perfume
Que ela deita nos seus trapos de cor
Para te embriagar

Essa miúda é um exagero
Diz que sem ti não sabe voar
Mas tu adoras voar com ela
Enquanto inventas espaços novos
Ela vai arquitetando uma teia
P´ra te aconchegar

Essa miúda faz-te acreditar
Que o sol é um presente
Que a aurora trás
Principalmente p´ra ti

Essa miúda é uma feiticeira
Prende-te a mente e põe-se a falar
E tu bem tentas compreende-la
Mas o que sai da sua boca
Não parece condizer com o que ela
Te diz com o olhar
Essa miúda faz-te acreditar
Que o sol é um presente
Que a aurora trás
Principalmente p´ra ti
(jp)
Virginia Woolf - reading

Purpose...

"Há muitos barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarques onde se esqueça (...). Em dias de alma como hoje eu sinto bem, em toda a consciência do meu corpo, que sou a criança triste em que a vida bateu. Puseram-me a um canto do onde se ouve brincar. Sinto nas mãos o brinquedo partido que me deram por uma ironia de lata. Hoje, (...), a minha vida sabe a valer isto. (...) ardem-me os olhos, de ter pensado em chorar. Dói-me a vida aos poucos, a goles, por interstícios (...)." (FP)

a nossa noite perfeita (god I love you.... but you trouble me)

(E não faças essa cara, este, é o nosso segredo!)
Ingredientes:

Eu
Tu

Preparação:
Me: Would you like to go out tonight? It's a lovely night to go to the Odeon; sit in the back row. Sick of staying in...

So we threw on some clothes, walked slowly down the street, lit by lantern light, through the market square, studied the marquee, bought two tickets and some popcorn. And on the screen the hero stands, the female lead, hand in hand, and says: "God I love you,but you trouble me."
She pushes him away.

And as the credits role, I turned to You, I said:

Eu: What did ya think???
Tu: It was okay, I guess.That story is pretty old. It's a bit cliché and hackneyed, I thought; I thought.

And back out on the street we stopped for some ice cream. Talking quietly, there was nobody in the room in which we sat, as I reached across the table. And just as Our fingers caught, timidly, I whisper:

Eu: God I love you, but you trouble me.

(inspired by Tarkio)

fragmentos

Mariana tinha um sonho: cantar.