com caneta azul
Tenho hábitos esquisitos. Sou obsessiva. Se há coisa de que tenho medo é de todas as coisas que posso fazer inexplicavelmente. Esses apetites estranhos que surgem na escuridão. Não sei nada de nada. É isso ser inocente? É ser ignorante?
É ser livre de... ser livre do peso de saber das coisas?
Diz alguma coisa, diz qualquer coisa.
O teu silêncio deixa-me perdida.
Em breve temos de acordar novamente e é mais um dia. E eu quero mostrar-te tudo, dá-me um sinal, diz qualquer coisa, alguma coisa.
fragmentos de contos de alguém que quer escrever depois de não o fazer durante algum tempo
Mariana acreditava que era estúpida. A culpa nem era dela, o pai é que a fez acreditar que era mulher e ainda por cima estúpida.
"A sorte é que ela não liga minha filha, ela é pequenina" ouvia dizer a avó dizer à mãe que chorava escondendo a cara entre as mãos. Queria ter tido um rapaz, Mariana sabia que a sua existência era um engano, e o seu pai fazia-lhe ver isso diariamente.
Ninguém se lembra bem dela, passou despercebida a vida inteira. Como se achava estúpida, preferia não fazer as pessoas perderem tempo com ela, e afinal de contas ela... ela não se importava.
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