Vives para nada. Espero que mantenhas algum registo disso. (o último cálice, cama número 120, corredor à direita)

Tinha uma janela cheia de estrelas e um livro que te contava histórias de uma menina com olhos de gigante
Sim, queres que pare com estas coisas. Falar mal, escrever mal. Queria estar calada, mas ver-te assim, nessas condições, faz-me confusão. Já chamas-te a enfermeira?  O que é que estás a fazer? Deixo-te estar, deixo, fica para aí a ralar-te com as amendoeiras... Ai! Que maçada! Faz-me pena estares assim. Diz? O cheiro do batatal de madrugada? A que é que cheira? Qual é o barulho? Eu sei lá bem, minha querida... é o barulho das mulheres a bater os baldes enquanto esperam por mais um amanhecer, barulho dos grilos que ainda resistem. A mãe quer chá? Não?... Diga? Queria amigos!? Eu também... mas paciência, as crianças não podem ter tudo. Não faz mal, eu faço o chá e invento as crianças nos livros e nas coisas, pode ser? Vá, e não morra, a água está quase a ferver.