A arte de falar mal e depressa

Passaram três anos desde a minha primeira toma de Topamax - comprimido que suprime os meus ataques epiléticos, mas que consequentemente reprime também a minha capacidade de comunicar fluentemente. Não me dei conta logo ao início do quão profundamente afetou a minha vida, mas hoje dou por mim a arranjar sinónimo para o sinónimo, para o sinónimo... e quedo-me muitas vezes em silêncio, como se sofresse de uma especie de mudez química. Tenho em mim guardadas as palavras que quero deveras dizer, mas não as posso usar pois estão guardadas naquele lugar do cérebro ao qual não posso aceder. Com as palavras forma-se os cadernos com rabiscos... foi-se a escrita. Não restam palavras importantes, apenas as de circunstância, que também me deixam sem nada para dizer muitas vezes. Vivo assombrada por aquele sonho da invisibilidade, sem as palavras é assim que me sinto.

Sempre que oiço o teu nome é como ser queimada onde ninguém vê.