Cartas | meia noite e um copo a mais | o amor terrível

e pousando a caneta no papel sei que nunca lerás esta palavras. é com hesitação que as escrevo, como se abrisse sulcos na pele. há uma sensação de alivio e tristeza, pois se as escrevo, é porque de certa maneira gostaria que chegassem a ti. no entanto, escrevo-as cobardemente porque sei que que nunca as vais ler. das outras vezes, aquelas em que rabisquei algumas folhas, sabia do perigo. que no papel haveria essa possibilidade ínfima de te dar essas cartas, de tas colocar no bolso, de te as enviar de alguma maneira... aqui, nesta gruta, sei que os gritos não serão jamais escutados. gostaria apenas de te dar a mão mais uma vez. mas sei que não é possível, porque depois de sentir a tua pele, iria querer mais e mais, ate ao infinito... e morreria, como uma mariposa que se aproximou demasiado da luz. o meu amor por ti queima... e eu não consigo parar, esta doença... o meu amor é terrível.