folha de Outono voando na estrada do Guincho quando um cão castanho passou

De onde vens tu ò forasteiro que trazes contigo a tristeza inteira de um país? Que histórias essas que guardas em conchas de mares jamais navegados? Mares de areia e gente que carregas, esse peso inteiro de uma vida a fugir. De onde vens tu ò forasteiro, porque choras essas lágrimas de uma saudade já morta? Não sabes que te mataram já nesses lugares longínquos onde jamais poderás regressar? Não saberás tu que o mundo gira sem parar e o tempo, como uma velha lenta, se empurra anos a cima para te roubar o que de mais especial tinhas? Pobre forasteiro solitário, as minhas penas caiem sobre ti, pois sei o que sentes. Se ao menos também as tuas penas pudessem cair sobre mim. De onde vens tu ò forasteiro? Porque não me levas também a mim?