Estou assustada. Agora que sei que estás a caminho a alegria mistura-se com o medo. É uma felicidade envenenada esta. As memórias daquela carta ainda estão frescas no meu coração, e eu estou a guardar os meus sentimentos bem no fundo das minhas caixas secretas para que ninguém possa tocar neles. A alegria de te reencontrar na estação confunden-se com sentimentos de solidão, abandono, incompreensão... Não sei o que faça, pois tudo o que aconteça Quinta-feira será uma violação à paz das nossas vidas. Da minha, da tua, das pessoas à nossa volta que vão mexer no lodo que já assentou.
Tem de de se parar de fingir que o Passado ainda existe. Ele já morreu. Está morto à nove anos, pouco deve restar dele. É uma parvoíce tudo isto, somos uns orgulhosos presunçosos com a mania que temos toda a razão do mundo quando na realidade não passamos de uns ignorantes. Não há nada a fazer.
Seremos ao menos capazes de atenuar os estragos? Eu e tu? Talvez ainda vamos a tempo...
Quem sabe?
Eu estarei lá, à tua espera.