Flesh, Ken Nordine

Flesh, as a color, is in a awful mess
- yes, ask anyone with flesh, they'll tell you
Flesh, as a color, is about as close to a problem as a color can get.
Some people think the only color flesh color should be is the color their color flesh is 
wich - pure and simple - is colorcentric thinking, popular in some corners 
But you and I know though that
The proper color for flesh to be is: the proper color it is
Varying from complexion to complexion
But if black flesh and white flesh, and brown flesh, and red flesh, and yellow flesh, and tanned flesh - if all the fleshes that are flesh would establish similarity among differences
we better forget flesh and the colors it can be
And think on the spirit, and in singular light
Otherwise, flesh as a color could be black and blue or even a bloddy hue.

Angela Reilley




Frida Kahlo


Inconstância


Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

                                       Florbela Espanca

Byron

"I am such a strange mélangé of good and evil that it would be difficult to describe me."

Ai... apetecia-me escrever qualquer coisa, ou isso ou dar esmola à igreja.

A rapariga pensava no futuro de joelhos, agarrada ao terço fervorosamente. Ainda que receasse pecar, mais ainda, com aquelas indagações a Deus, não podia deixar de se questionar sobre o que a esperava, qual iria ser o futuro daquelas carnes agora manchadas pelo pecado. Fechou os olhos com mais força para conter as lágrimas, que a seu ver, eram demasiado puras para serem derramadas num corpo tão sujo. Tentou demover-se de relembrar as promessas, o quarto da pensão, o cheiro do homem, as mãos rugosas. Como pudera ter sido tão sonsa, como pudera ter-se deixado levar por sentimentos tão baixos. Bem a avisara a mãe, os homens, como os cães vadios, não eram de fiar. Pobre mãe, se soubesse daquilo, a pobre e velha mulher, inocente e sozinha na aldeia, cheia de ilusões. Como fora aquilo acontecer-lhe, três vezes, ainda por cima. Porque não se ficara pelos beijos frios da Amélia camareira, que lhe ensinava as coisas que aprendia com os capitães, ao menos jamais seria submetida ao julgamento social. A mãe não poderia saber nunca... Estava perdida, pensava. E se alguém soubesse a verdade, bem que se podia matar, pois mais valia a morte que viver a vida com fama de puta.

"Ó querido, não me morras"

(Balzac, A Comédia Humana, A Mulher de Trinta Anos)