dois mil e oito

O primeiro dia no ano é sempre promissor, renasce cá dentro aquela vontade infinita de fazer qualquer coisa, nem que seja só cair desamparado sobre a areia (penso ter encontrado uma bela cura para a maior parte dos medos). No segundo dia, começam as interrogações secretas, serei eu capaz de fazer todas aquelas coisas, quero realmente fazê-las? Serão demais para mim? Serão importantes? Porque quero eu fazê-las?
E o terceiro dia vem como uma pausa do ano que passou e deste, que agora se desenrola lentamente diante de nós como um grande novelo de dias e meses, sempre iguais aos anteriores no nome, mas com variações subtis na forma como se pronunciam.
A escolha das palavras nos primeiros dias também é diferente, quem somos? Perguntamos trémulos, com medo da verdade, depois talvez nos esqueçamos, ou então, quem sabe, nos lembremos alegremente de mais um corredor da nossa vida, e no bolso, todas as chaves para as portas que fomos fechando.
Farei eu parte de todos aqueles que têm mais barriga que olhos?
Eu, eu quero ter mais olhos que barriga.

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