na mesa da esquerda, ao lado da janela grande

Tentei em vão encontrar a velha satisfação de me perder nos lugares e me deixar levar pelo apetite materialista. Em vão...
Coisas dessas pouco ou nada me satisfazem hoje em dia. Saudade daquelas palavras inflamadas tão cheias de cor, os delírios nocturnos em que me imaginava com asas, capaz de viver - assim, como ser alado - num mundo de lagartas gordas como vacas. Entristece-me o facto das coisas materiais pouco poderem fazer por mim, terei de me virar para lá das estrelas, buscando essa satisfação imediata, o antídoto para este ácido que corroi por me sentir, sempre e cada vez mais longe.
Talvez também eu tenha nascido com um coração de pássaro, daqueles que batem demasiado depressa.
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Sinto que me morro a cada encontro, a cada momento consciente de que - para mim - um pouco de tudo acabou.
A comida chegou. Paro para mergulhar num dos actos humanos que mais aprecio*.
*A seguir ao sexo, claro está.

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