a despedida (ou a caneta enlouquecida sobre algodão prensado)

Os irmão não se viam há dois anos. Na realidade, ainda que antes disso se vissem com regularidade, estes dois não se falavam à 18 anos. Não que estivessem zangados um com o outro, nada dessas histórias de partilhas e terrenos que acaba com espingardas a sair dos armários e a respingar tiros contra corações fracos que se quebram como galhos. Os irmãos não se falavam porque não havia nada para dizer. A vida tem dessas coisas, uns nascem com coisas para contar e aqueles dois não tinham nada para conversar - diríamos que as coisas triviais aquando da sua vivência em conjunto, não valem como reais conversas ou assuntos de importância a tratar entre pessoas - "passa-me o sal", "vou sair" eram as frases mais longas que trocavam entre si. Estes dois não percebem de amizades, pelo menos um com o outro isso não existe, são irmãos e isso deverá chegar para colmatar todas as outras lacunas existentes entre ambos. Como estava a dizer, os irmãos não se viam há dois anos. Coisas da vida levaram-nos para longe um do outro e os telefones não cumpriram a sua função de aproximar. Encontraram-se num casamento de um primo em comum (ora, são irmãos), trocaram um breve olá e acabaram perdidos no meio das tias e dos tios. O dia passou e a festa terminou. (e assim foi, partiram e nem se despediram)

1 comentário:

Marina disse...

estou apaixonada pelo teu espaço e espero voltar em breve.
obrigada :)