what the F******
Estará a acabar o tempo para criar coisas? O que impede as mentes brilhantes de produzirem? Quem as impede de criarem obras primas que serão adoradas para toda a posteridade com admiração e surpresa? Como começar? Num dia de chuva? Numa casa com lâmpadas fundidas, um lusco fusco artificial de halogéneo, cigarros que queimam nas mãos calejadas? A televisão a murmurar para a avó sentada na sua cadeira, o pai que enche sem parar copos de vinho tinto de um garrafão que pinga e deixa nódoas na toalha de Natal? Uma lareira que devora sofregamente lenha de pinheiro, que cospe fumo negro que suja as paredes e penetra nas roupas de quem vive naquela casa? Será começar no Inverno, numa aldeia que ninguém conhece onde vivem pessoas que nunca viram o mar, que vêem telenovelas e conversam na rua dentro das suas camisolas de lã borbotosas com 20 anos? Será mergulhar no silêncio e deixar a tristeza alimentar-se de rostos que dantes sorriam e riam? Será não fazer nada e deixar a chuva chover até se fartar? Será parar e deixar tudo correr?
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