Cresci numa casa cheia de silêncio. Herdei, de pai e mãe, os olhos que querem ver tudo e a boca pequena que não gosta de falar, boca que não sabe falar. Cresci numa casa cheia de histórias. A mãe trabalhava com as suas mãos sem parar e, sempre a trabalhar, tecia os dias, inventando tarefas para enganar a louca solidão dos anos de reclusão. Mãos que nunca paravam para abraçar. Houve um Inverno, quando as minhas pernas já sabiam andar, que me adormeci no seu quente abraço, respirando aquele cheiro de mãe, respirando o amor.
Eu cresci e a casa foi crescendo também, mais quartos, cozinhas, salas, mais silêncio, mais solidão, mais mãos ocupadas para não darem lugar ao carinho.
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