wild horses

Parece que a minha escrita tem aquela distorção que as rádios têm quando não as apanhamos bem. Não me consigo ouvir. Não consigo sequer escrever com uma letra legível. Não oiço nada nem ninguém. Orelhas e coração moucos. Pudesse eu devorar um dicionário e então haveria descrições concretas para este estado. Talvez seja da chuva, da roupa, das unhas que não param de crescer por mais que passe a vida a cortá-las e a pintá-las com as cores mais berrantes. Talvez seja o cabelo:
"Ouça, homem com mania que é cabeleireiro, eu perdoo-lhe a falta de jeito para a profissão que escolheu, que escolheu ou que lhe aconteceu - eu também tenho jeito para os telefones, pelo menos há dias... - perdoo-lhe este corte de cabelo desgrenhado que me dá o ar constante de ter acabado de acordar, perdoo-lhe o facto de não me ter cortado a franja como lhe pedi e de ter destruído a minha auto-estima em 20min. Perdoo-lhe o facto de me ter feito pagar no final... Perdoo-lhe o facto de ter ido para casa sabendo que eu fiquei com este corte de cabelo psicadélico-epiléptico-maluco-de-esquilo-raivoso."
Sabe porquê?
Não me importo nem um bocadinho.

1 comentário:

Bípedes disse...

Olá!


Nas ondas cibérneticas encontrei a Narcisa, belas imagens,palavras e distorções corretas.

Um amplexo!