Novembro

O mês de Novembro termina aqui, obrigado a todos os que tiveram o prazer de o partilhar comigo...
Venha Dezembro!
Abraços,
Rute

The right touch...

Memories are like salt: the right amount brings out the flavour in food, too much ruins it. (PC)

Cor

Apesar da palidez da minha face a minha alma está rubra. Os pensamentos volteiam e remoinham sem parar, querem quebrar o vidro da janela e voar pela noite, dançar ao ritmo de músicas por inventar. Quero fazer coisas que o meu corpo contradiz. Há um sitar a tocar na noite, conta-me histórias.Uma história proibida sobre a qual eu quero escrever.
- What's your name?
- My name is Rute. You know, like the root of the trees.
E eles nunca percebiam.
Há djembes a acompanhar esse sitar, mulheres que dançam com vestidos compridos, há um céu cor-de-laranja. Haverá coragem? Haverá amor? Terá restado alguma coisa ainda?
Quem é essa rapariga?

Constatação: Eu... estive na Índia. Eu estive na Índia...

Carlota (Revisited)

Carlota era uma rapariga enfezada e sem piada. Os cabelos pretos, pingões, que lhe pousavam nos braços como um manto de velha, escondiam-na como um cortinado esconde os trastes de família. Os olhos, herdados do lado do pai, eram grandes e cinzentos. Descaídos, no entanto, conferindo à pobre rapariga uma ar de tristeza que lhe tingiu a alma com o tempo. A boca era pálida como a de um morto. Lábios finos, inertes. Lábios que não sabiam certamente sorrir. 
Carlota era uma rapariga triste, filha de pais professores. Não tinha muitos amigos, mas isso não lhe fazia falta pois ela nem sabia o que era isso de ter amigos. No Verão, quando os primos da cidade visitavam os avós, Carlota convivia com eles a contra gosto. Não sabia brincar com outras crianças e acabava sempre por criar inimizades com a prima Ana. Prima que odiava em segredo por ser a favorita da avó. Os Invernos passava-os no seu quarto a brincar com as bonecas que a avó lhe trazia de Espanha. Eram todas de um plástico barato e tinham mãos grandes com dedos abertos que arranhavam, a única coisa que faziam era abrir os olhos e fechar. Ainda assim ela mantinha-as bem arrumadas por tamanho e cor de cabelo, não lhe agradava a desarrumação, tudo tinha de ser ordenado. 
Diziam os pais, quando os primos lá passavam, que Carlota seria no futuro uma excelente bibliotecária, quem sabe trabalhasse num importante arquivo algures a catalogar processos. Carlota suspirava, sabia lá o que os pais queriam dizer com aquilo, ela somente desejava viver na aldeia para sempre, a confusão de gente grande deixavam-na triste e só. 
Os pais da Carlota,ratados com diligências especiais pelo povo da aldeia por serem os Sr. Professores, ainda assim, apesar dos títulos de senhores de bem, eram de mente curta. Evitavam o convívio, e o isolamento daquela aldeia transmontana dava-lhes uma certa paz de espírito - a paz de não terem de se esforçar muito e de poderem viver uma vida calma, onde a actividade mais excitante que praticavam era a ida à pastelaria, aos Domingos, comprar uns bolinhos para o lanche e beber um café na mesa de sempre. 
Carlota era uma criança diferente. Vivia naquela solidão de ser a única com bonecas de plástico.

She's a rainbow!


Eu queria ter-te respondido. Escrevi qualquer coisa naquela noite que depois voou com o vento e acabei por não te dizer nada. Falei e tu não ouviste. Estamos destinados aos desencontros, àquele espaço que não existe. Somos de uma cor que não existe! Fazes-me sorrir quando te encontro nesse lugar nenhum. Por isso, se passares por cá, um destes dias e repareres neste post it - obrigada.

Obrigada Sr. Joaquim! (sorrindo)

Poem

CANÇÃO DA FORMIGA

Na compota de framboesa
da firma respeitada
jazia uma formiga.
Fiquei tão agradada:
uma formiga, uma verdadeira formiga,
uma formiga não listada nos "ingredientes"
a provar que existe verão.

Lá fora, a névoa do árctico caía espessa.
Cá dentro, uma formiga deitada no meu prato
como que fechada em âmbar.

As idades encontram-se.
Os espaços colidem.
Tempo da framboesa e espaço da framboesa
com o tempo do jornal e o espaço do pequeno-almoço.
E o tempo da formiga,
tão piedosamente contrariado pela compota
veio aterrar
num jarro.

Nem mesmo o Museu Nacional de História Natural
nos consegue surpreender tanto!


MARGARETA EKSTRÖM

Better

Carta

Eu sabia de ante mão. Fiquei sem resposta.
E sem resposta o meu coração ficou despedaçado.  Mil pedaços, como se uma folha de papel tivese sido rasgada. Eu gostei de ti primeiro, debaixo daquele céu estrelado, aquele teu cabelo comprido... Mas para ti foi como se nada tivesse sido, ignoraste aquelas palavras, fingiste que elas não existiam, apagaste-as do diccionário, eliminaste-as das nossas conversas. Fiquei sem resposta. Eu sabia de ante mão e ainda assim eu mandei-te aquela carta.

Poem...

      TABACARIA


      Não sou nada.

      Nunca serei nada.

      Não posso querer ser nada.

      À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

      Janelas do meu quarto,

      Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é

      (E se soubessem quem é, o que saberiam?),

      Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,

      Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

      Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,

      Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,

      Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,

      Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

      Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.

      Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,

      E não tivesse mais irmandade com as coisas

      Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua

      A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada

      De dentro da minha cabeça,

      E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

      Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.

      Estou hoje dividido entre a lealdade que devo

      À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,

      E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

      Falhei em tudo.

      Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.

      A aprendizagem que me deram,

      Desci dela pela janela das traseiras da casa.

      Fui até ao campo com grandes propósitos.

      Mas lá encontrei só ervas e árvores,

      E quando havia gente era igual à outra.

      Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

      Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?

      Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!

      E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

      Gênio? Neste momento

      Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,

      E a história não marcará, quem sabe?, nem um,

      Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.

      Não, não creio em mim.

      Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!

      Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?

      Não, nem em mim...

      Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo

      Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?

      Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -

      Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,

      E quem sabe se realizáveis,

      Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?

      O mundo é para quem nasce para o conquistar

      E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.

      Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.

      Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,

      Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.

      Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,

      Ainda que não more nela;

      Serei sempre o que não nasceu para isso;

      Serei sempre só o que tinha qualidades;

      Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,

      E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,

      E ouviu a voz de Deus num poço tapado.

      Crer em mim? Não, nem em nada.

      Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente

      O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,

      E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.

      Escravos cardíacos das estrelas,

      Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;

      Mas acordamos e ele é opaco,

      Levantamo-nos e ele é alheio,

      Saímos de casa e ele é a terra inteira,

      Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

      (Come chocolates, pequena;

      Come chocolates!

      Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.

      Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.

      Come, pequena suja, come!

      Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!

      Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,

      Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

      Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei

      A caligrafia rápida destes versos,

      Pórtico partido para o Impossível.

      Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,

      Nobre ao menos no gesto largo com que atiro

      A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,

      E fico em casa sem camisa.

      (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,

      Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,

      Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,

      Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,

      Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,

      Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,

      Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -

      Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!

      Meu coração é um balde despejado.

      Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco

      A mim mesmo e não encontro nada.

      Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.

      Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,

      Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,

      Vejo os cães que também existem,

      E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,

      E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

      Vivi, estudei, amei e até cri,

      E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.

      Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,

      E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses

      (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);

      Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo

      E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

      Fiz de mim o que não soube

      E o que podia fazer de mim não o fiz.

      O dominó que vesti era errado.

      Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

      Quando quis tirar a máscara,

      Estava pegada à cara.

      Quando a tirei e me vi ao espelho,

      Já tinha envelhecido.

      Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.

      Deitei fora a máscara e dormi no vestiário

      Como um cão tolerado pela gerência

      Por ser inofensivo

      E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

      Essência musical dos meus versos inúteis,

      Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,

      E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,

      Calcando aos pés a consciência de estar existindo,

      Como um tapete em que um bêbado tropeça

      Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

      Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.

      Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada

      E com o desconforto da alma mal-entendendo.

      Ele morrerá e eu morrerei.

      Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.

      A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.

      Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,

      E a língua em que foram escritos os versos.

      Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.

      Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente

      Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

      Sempre uma coisa defronte da outra,

      Sempre uma coisa tão inútil como a outra,

      Sempre o impossível tão estúpido como o real,

      Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,

      Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

      Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)

      E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.

      Semiergo-me enérgico, convencido, humano,

      E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

      Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los

      E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.

      Sigo o fumo como uma rota própria,

      E gozo, num momento sensitivo e competente,

      A libertação de todas as especulações

      E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

      Depois deito-me para trás na cadeira

      E continuo fumando.

      Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

      (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira

      Talvez fosse feliz.)

      Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

      O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).

      Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.

      (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)

      Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.

      Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo

      Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
    Álvaro de Campos, 15-1-1928

Não me deixes...

Confesso que por vezes ser forte é difícil. Ser forte significa engolir as lágrimas e fingir que nada nos afecta. Significa fingir que sabemos o que estamos a fazer, que já sabemos tomar conta de nós, que já separamos a roupa branca da roupa de cor quando pomos a máquina da roupa a funcionar. Mas é tudo mentira.

Não está tudo bem.
As datas continuam a ter significados atrelados a elas e, apesar de já não chorar e de fingir que sou uma mulherzinha como no filme, as lágrimas caem para dentro como se os rios pudessem correr para dentro das nascentes e criar vales debaixo da terra, debaixo do corpo, dentro da alma.
Não está tudo bem porque os calendários continuam a acrescentar dias aos anos, anos aos dias, e subitamente as rugas vão cavando socalcos no rosto que dantes era de cera e agora está cada vez mais parecido com a avó Luisa. E eu fecho os olhos e tento viajar na máquina do tempo das memórias, mas tudo são fragmentos de uma vida que já não existe, uma pessoa que já não sou, uma vida que já não tenho com pessoas que não me conhecem. E tu não existes, és apenas uma sombra, uma forma de gente cada vez mais difusa, mais distante. Eu fecho mais os olhos e, nada.
Não me deixes... e lembro-me da frase "sinto-me órfã", aquela frase que tanto me chocou a certa altura da minha vida. E sabes uma coisa, acho que é isso que está a acontecer, com o passar do tempo até nas minhas memórias me começo a sentir órfã.
A tua imagem começa a desaparecer, os poucos, um pouco por todo o lado. Acho que... é difícil perder aquilo que nunca realmente tivemos.

a carta que ela nunca enviou - eu e tu


Era mais um fim de tarde depois de mais um dia de trabalho como tantos outros. Nada augurava nada de diferente naquele pôr do sol deslavado em tons de malva. O percurso para casa foi o de sempre - a rua da escola primária depois as traseiras do Casino e por fim a rua do Hotel Saboia. No entanto como todos sabemos, deixemo-nos de rodeios, algo iria ser diferente naquele fim de tarde igual a tantos, tantos outros.
Aguardava-a, na caixa do correio, uma carta.
Carta essa que ela não esperava receber.

Sentou-se no sofá segurando-a entre os dedos, ainda incrédulos, estudando o papel, lendo as letras minúsculas do selo, observando todos os detalhes do envelope, tentando perceber como seria possível aquela carta estar ali, apesar de tudo, aquela carta chegou.
A sua cabeça não parava, eram tantas as emoções, os sentimentos atropelavam-se uns aos outros para terem o seu momento na ribalta do coração. Pousou o envelope. Tinha de ponderar o que aquela carta significava. Se a abrisse, toda a sua vida poderia mudar para sempre. Estaria preparada? Estaria preparada para todas as coisas que havia para dizer? Tantos anos... tantas distâncias, tantas vidas que as separavam, seria possivel combater isso, seria possivel voltar atrás? Estariam ainda a tempo?
Fechou os olhos.


"Minha querida
Queria poder dizer que te vou visitar em breve, mas a verdade é que não sei quando o vou poder fazer. Por enquanto estou a tentar montar o puzzle em que a minha vida se transformou, e olha que é um daqueles bem complicado, com peças muito pequeninas. 
Não digas que estás triste e com medo. E os teus medos são patetas? Todos os medos são patetas, os medos são apenas medos, não os devemos levar a sério de mais. Devemos apenas enfrentá-los, por vezes até convidá-los para um chá e ter uma conversa com eles, mostrar-lhes que as nossas vidas são fantásticas, olha para ti: tens uma família linda, uma casa espectacular (com espaço para fazeres uns 100 piqueniques diferentes, sim, se calhar deveriam experimentar fazer coisas diferentes com o jardim, não ter medo!), tens tudo o que sonhaste quando eras pequenina. E se a casa que tens agora não é exactamente como a dos teus sonhos, pensa bem, não seria complicado ter um castelo? Por vezes a tristeza que sentimos por não termos as coisas que não temos, quer seja a casa dos nossos sonhos, quer seja o amor dos nossos sonhos, quer seja outra coisa qualquer... por vezes essa tristeza é apenas a insegurança e o medo que aquilo que temos não chegue. Mas olha bem? Achas que não chega? Tens pessoas que gostam de ti, que se preocupam, que estão aí quando precisas (ainda que digam pouco). Essa é a tua casa de sonho. Tu és a tua casa. Isso é o mais importante de tudo.
Minha querida, eu sei que nem sempre falámos desta maneira, ainda por cima agora, que os nossos barcos vão navegando rumo a continentes diferentes, mas vamos a tempo de mudar tudo! Vamos a tempo de inverter essa distância. Espero que me escrevas em breve, tenho imensas saudades tuas.
Com amor...
RM"


Saiu de casa. O fim de tarde afinal não seria igual aos outros, como ficámos a saber. O envelope permaneceu em cima da mesa durante alguns meses sem ser aberto. Ela nunca soube o que estava escrito dentro dele, mas no seu coração a resposta tinha sido enviada.
(dentro do envelope estava uma carta do Centro de Saúde reencaminhada para a sua nova morada)

Mister Sandman - The Chordettes

Mister Sandman, bring me a dream...



"Mister Sandman, bring me a dream

Make him the cutest that I've ever seen
Give him two lips like roses in clover
Then tell him that his lonesome nights are over



Sandman, I'm so alone
Don't have nobody to call my own
Please turn on your magic beam
Mister Sandman, bring me a dream



Mister Sandman, bring me a dream
Make him the cutest that I've ever seen
Give him the word that I'm not a rover
Then tell him that his lonesome nights are over



Sandman, I'm so alone
Don't have nobody to call my own
Please turn on your magic beam
Mister Sandman, bring me a dream



Mister Sandman, bring us a dream
Give him a pair of eyes with a "come hither" gleam
Give him a lonely heart like Pagliacci
And lots of wavy hair like Liberacci



Mister Sandman, someone to hold
Would be so peachy before we're to old
So please turn on your magic beam
Mister Sandman, bring us
Please, please, please
Mister Sandman, bring us a dream 

(Chordettes, Mister Sandman)


Estas tardes frescas fazem-me lembrar a ribeira do Porto. A vista para Gaia, o rio, o Sandman do outro lado, o frio e as ruas que nos levavam sempre a qualquer café acolhedor e engraçado. Estas tardes frescas dão-me vontade de sair e ir dançar! Parvoíces de uma tarde de Outono.

as coisas que eu deveria fazer

Deveria rir. Mas rir não é uma coisa fácil ao que parece.