Desceu as escadas para comprar os cigarros. (Um homem alto)
Estava uma noite sem graça. Escura, com nuvens, tinha uma lua deslavada e sem brilho escondida por se sentir feia. A rapariga esparava-o na rua. (Uma rapariga de cabelo curto)
Foi sem querer que isto se passou, dizem, ela esperava-o sem querer - uma coincidência. Entrou no carro para lhe fazer companhia na curta viagem da compra dos cigarros. Trocaram poucas palavras, chorrilhos sobre um dia a dia sem interesse, coisas de amigos. Uma ida ao cabeleireiro, uma falta ao trabalho - o quotidiano. O carro deslizava em silêncio para ouvir a conversa, não a que saia da boca dos dois, mas a conversa que vinha de dentro, aquela que não se falava - a conversa secreta.
Pararam o carro. Saíram. A marca do tabaco era a de sempre. Ela não fumava.
Voltaram, agora os passos eram outros, falavam mais alto, a conversa secreta tinha já uma voz que se expressava. Entraram no carro.
Aconteceu o inevitável - o beijo.
Ao estacionar o carro ele pensou por breves segundos na outra que o esperava em casa.
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