Esta rapariga não tem medo da nudez. Quem diria que as coisas mudassem de forma tão drástica. Quem sabe ainda acaba a noite com os seios de fora.
Esta rapariga já não é um medo.
Há uma praia na minha memória da qual tenho saudades, esta rapariga visitava-a para ir encontrar-se com amigos secretos. Nessa praia havia mensagens antigas, corpos antigos, desejos quebrados e sonhos velhos, nela tudo era possível, todas as conversas conversáveis, todos os sexos viáveis. Não havia homem ou mulher, éramos uma só areia, uma só água que se misturava e criava castelos, sei que essa praia existe algures, cheia desses pescadores que nos embalam na sua corda e nos levam nos seus baldes de encanto para nos cozinharem depois nas suas mãos de amor - ela existe. O caminho até ela foi esquecido na teia de caminhos confusos que a vida vai tecendo. A vida, como as histórias, é orgânica está sempre a mudar, a cair, a criar... Nessa praia há rapazes de outros tempos a correr descalços, rapazes que vêem o pôr do sol e apanham conchas pela primeira vez, há raparigas que namoram sereias e sereias que nascem das estrelas. Nessa praia há uma rapariga que ainda está viva e que tem sonhos, sonhos a nascer e outros à espera de morrer. O que esta rapariga diz não está longe da verdade, quem sabe esta noite vá ver a lua nascer com os pés enterrados na areia de outras praias e atire ao mar essas mensagens antigas que guarda no bolso. Ela existe.
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