Amor. Pintura. Caracóis. Camomila. De dizer «Plum Plum». Botões e linhas. Aprender coisas que não sabia. Andar na rua sem saber para onde ir. Fazer desenhos com a colher do café. Campos de flores. Campos com camomilas e oliveiras. Charcos de água no Inverno. Gelados na praia. Pés descalços. Não saber dançar e dançar na mesma. Pôr a mão de fora da janela do carro e voar. Andar de comboio. Adormecer. Andar de bicicleta. Acordar. Rir e rir. Paixão. Espontaneidade. Loucura. Gostar de pessoas que riem. Folhas soltas. Passeios no parque e garrafas de vinho branco. Abrir e fechar os olhos como se fossem uma janela para a rua. Vagabundos. "Vadias". Pijama. Janelas abertas. De lua. Conversas sem sentido. Poemas. Casas cor-de-rosa como as que eu desenhava quando era pequenina. Casas cor-de-rosa rosa com velhinhas muito velhinhas curvados pelo tempo a tentarem abrir a porta. Estrelas. Livros. Muitos livros. Discos antigos e cadeiras usadas. De estar à flor-da-pele. Sou feita de gavetas que se perderam na rua e não sabem voltar para casa. De ver filmes à noite e à tarde. De telhados. Gatos pretos. Pardos. Perucas. Gatos no geral. De escadas escadotes e escadinhas. Dos homens do lixo. De esquecer-me dos acentos quando escrevo. Pincéis. Guarda-chuvas. De preferir cafés com janelas para a rua. Chapéus. Viagens de comboio. Fotografia. De gostar de tirar fotografias a mim mesma em qualquer lugar e em qualquer circunstância. Baloiços e palhaços de circo. Pianistas e flautistas de rua. De copas das árvores. De Meninos Gordos. Fazer chuva e entrelaçar os dedos. Cerejas. Morangos e ananás. Risos. Saltos. Corridas. Pontes antigas. Torres. Pontes vermelhas. Brincos grandes. Framboesa. Molhar as pontas dos dedos em água fria. De cantar mal e cantar na mesma. De gostar de me querer cruzar com estranhos e inventar histórias sobre eles. Querer 1000 coisas e não querer 1000 coisas. Escrever bilhetes e pôr cartas no correio. Bilhetes nos bolsos. Receber cartas. Inventar postais. Relógios de corda. Sapatos. Maçãs verdes e passeios na praia. Grilos. Polaróides. Restaurantes chineses e pessoas do Peru. Passeios de autocarro. Filas nas bilheteiras. Lugares com relva. Do verde. Do azul. Dos cobertores azuis devido a uma memória que ficou esquecida no tempo. Das paixões fugazes pelo amarelo. Janelas molhadas com água da chuva. Janelas sem casa. Abraços inesperados e cartas de amor. Beijos roubados. Pegadas na neve. Músicas oferecidas. Gelados. Margarida. Carros velhos e estradas secundarias! Árvores altas e passeios em terra batida. Faróis. Fazer caretas ao espelho. Andar descalça e meter os sapatos na carteira. Soprar dentes de leão. Saltitar. Matar saudades. De amigos com quem nunca estou. Comer arroz duas vezes por dia. Subir e descer ruas. Café. De distrair. Café. Observar pessoas. De velhotes de mãos dadas. Velhotes que falam comigo. Velhotes que não fazem nada e que estão na rua. Velhotes que se sentam nos jardins e conversam sobre a sua vida. Café. De canetas azuis. De muito café. De lugares comuns. Fitas coloridas. De barcos de papel e de joaninhas. Meias de lã. Meias no geral. Silêncios e sorrisos. Andar de bicicleta de olhos fechados. Emprestar livros. De me emprestarem livros. Livros velhos. Livros usados. Escrever sem motivo aparente. Pensar no amor. Fazer o amor. Cigarros que se consomem no cinzeiro. Dias de Setembro. Casacos gigantes que tapam as mãos. Tocar ao de leve em borboletas distraídas. Gritar. Saltar em cima da cama. Fechar os olhos e sentir o vento. Dias de chuva. Mãos escondidas nos bolsos. Mãos que enchem bolsos. Eu sou feita de tanta coisa, e hoje é Setembro e sou feita de Lisboa!
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