as manhãs de Novembro são tramadas - odeio Novembro - pela segunda vez em 10 anos de vida
O primeiro mês é, de todos, o mais confuso. Não percebeste ainda o significado daquela ausência e olhando para trás achas que tudo não passou de um sonho estranho. No segundo mês, as coisas acalmam e a ausência torna-se mais marcada. Os objectos pessoais estão nos mesmos lugares sem ninguém ter mexido neles e questionas-te, muitas vezes, se haverá realmente um regresso ou se aquele sonho foi real. No terceiro mês não queres falar no assunto, estás zangado com toda a gente, achas que alguém é culpado, que te mentiram, que foste enganado. Querias ter mais tempo, querias ter dito outras coisas e roubaram-te todas essas oportunidades. Questionas o sentido da vida, queres estar só, odeias tudo. Os meses seguintes são passados a ignorar esse facto, queres que te tratem com normalidade, dizes que não aconteceu nada e que está tudo bem. Um ano depois já és capaz de dizer: a minha mãe morreu.
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