A cicatriz do amor faz-se nos tecidos internos do coração. Aposto que todos nós temos o peito coberto de tatuagens que ninguém vê. Frases de amor inflamado, gritos de ódio, chamamentos de saudade e ternura, desenhos de lágrimas e pardais de esperança. Eu tenho os meus bem escondidos da vista alheia, guardo-os entre os seios para que ninguém veja - porque os amores são assim, secretos, não se mostram a toda a gente. Guardo-os porque muitos já não existem e são uma memória volátil que se me descuidar irá evaporar e desaparecer para sempre.
Depois há os outros, tísicos e cegos da escuridão da caixa que os guarda, arrastando-se na dor de encontrar a luz. O meu problema é quando algum deles se acerca. Todo o meu peito se inflama de esperanças e cores, talvez das memórias do passado, de quando eram sentimentos jovens e não doentes.
Percebes?
Por isso é importante que não me procures mais, é preciso que este amor morra e não se alimente dessa esperança venenosa e putrefacta que trazes contigo. E logo tu, que nem no amor acreditas...
Parte-me o coração.
Não me procures mais.
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