Tive um sonho estranhíssimo que mais parecia um pesadelo. Algures, numa sala barroca sem janelas, com pesados reposteiros de damasco, eu comia tintas coloridas. Era uma cena de banquete assaz triste. Sentada numa poltrona, com vestes douradas que mal me deixavam mover os braços, eu agarrava em cores, que havia às centenas diante de mim dentro de frascos e engolia tudo. Era como se eu precisasse de me alimentar de cores, e eu chorava pois sabia que agora a minha boca era um buraco negro onde todas as cores desapareciam. Olhava-me ao espelho e chorava ao ver os meus dentes de um azul cerúleo... profundo, escuro, sem luz. Todas as cores diante de mim se tornavam pardas depois de misturadas nas minhas mãos golosas. E mais uma vez as minhas mãos mergulhavam num frasco de cor e eu comia mais e mais...
Estranhíssimos estes sonhos...
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