Esconderijo

É estranho que o meu coração tenha estas salas secretas onde te escondes. Sempre que te encontro numa delas e faço o ritual da despedida mudas para outra. Moras dentro dos meus sentimentos. E eu tenho tantos.
Nos momentos em que consigo sentar-me sozinha e o silêncio da casa serve de cobertor para os meus pensamentos, sei que esta minha obsessão pelo amor e paixão não passa de uma borbulha de adolescência que irá desaparecer um dia, quando me olhar ao espelho e me confrontar com o tempo. Irei perceber o quão ridícula sou com este acne crónico dos sentimentos. Mas por enquanto só consigo pensar na sensação que tenho quando te toco às escondidas. Quando te digo que te amo, mesmo que o faça sem o dizer, a olhar-te ao longe sem me veres. Outras vezes, quando fico muito zangada por este ridículos momentos em que sangro de afetos, apetece-me matar-te para sempre, cortar o membro que pulsa por ti e livrar-me dele queimando-o. Esconjurar-te para sempre.

Que sejas feliz.
Que sejas feliz.
E eu?
(Suspiro....)

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