Quem foi que disse que as batatas não tinham sentimentos?

Começar com "meu querido diário" não é um bom augúrio para qualquer tipo de texto, é como aquelas notas que colocamos nos cantos das folhas, para mais tarde nos lembrarmos que aquela folha não relata uma tarde apaixonada na aula de química mas sim o trabalho para casa. O que eu quero dizer é que o "meu querido diário" me parece sempre um roupão de hotel que colocamos para nos sentirmos mais confortáveis antes de nos despirmos pela primeira vez diante do nosso amante. A verdade é que o roupão acaba por cair finalmente quando apagamos as luzes para nos escondermos, e... percebem a ideia. Uma forma de nos escondermos quando queremos estar mais nus. Este blog tem andado à deriva. Crise criativa, conflitos emocionais, falta de tempo, distancias intransponíveis entre o teclado e o monitor, dias de chuva a mais... desculpas, desculpas... como aquelas que damos quando tentamos desculpar o sono que tivemos nalgumas dessas manhas em que tanto queríamos ter ficado a dormir. Tenho 23 anos, a passos largos dos 24, números que me são completamente estranhos, ainda ontem tinha 22 e amanha tenho 26? Mas onde é que eu tenho estado para andar tão longe da minha vida para não notar nenhuma dessas mudanças absurdas no peso do BI? Não acham a idade uma coisa incrível? É o nosso carimbo de validade. "Aproveitem-no", gritam apavoradas as latas de salsichas por este país de fora. Devemos aos 23 parar e fazer um balanço minucioso à nossa vida?
  • duas rugas no olho esquerdo, uma profunda no direito;
  • um emprego;
  • pensando em continuar a instruir-me mas com grande preguiça para o fazer;

Nada me parece auspicioso.

O que eu queria mesmo eram Camomilas na Primavera.

1 comentário:

Tata disse...

claro que têm!! Batata