I want you, I want you so bad

Encostado a uma esquina sombria, chupava uma beata apagada que encontrara no bolso. Esperava por ela desde as sete. De vez enquando espreitava os ponteiros do relógio, e estes insistiam em dizer-lhe que ela se atrasava uma vez mais. Ia espreitando para a rua da esquerda para ver se sentia o seu cheiro intenso a fruta silvestre, mas não sentia nada, e os nervos iam corroendo aquela alma empedernida de romântico incurável. Sentou-se uma vez mais nos degraus da Rua Almirante Reis e acendeu de novo a beata morta. Pensava nela, nas coxas redondas, o seu decote redondo que mostrava sempre mais do que devia. Desejava-a. De uma das janelas abertas, uma música incendiava-o ainda mais, como se isso fosse humanamente possível pensou. "I want you, I want you so bad..."

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