"conta-me uma história, estou tão aborrecida, vá lá" (e depois ninguém contou nada)

Alberto.
Este nome não me sai da cabeça desde o dia em que, percorrendo o meu usual caminho diário, não parava de o repetir vezes e vezes sem conta. Alberto. Alberto com o "l" bem enrolado na língua. Alberto com o "r" matreiro a querer correr como um carro barulhento. Alberto. Esguio, alto, magro e suave como uma folha verde e macia que se dobra com as carícias matreiras do vento, que as percorre sem pedir autorização. 
Quem será o Alberto? Terei eu um Alberto dentro de mim? Talvez ele seja músico... espera, espera... ele toca guitarra. Os dedos longos e finos como ramos de romã beliscam com suavidade as cordas arrepiadas e virgens, e os sons viajam no ar em aviões muito pequeninos e leves. São barquinhos de papel na imensidão marítima do tempo e espaço. Queria ter dedos assim, dedos conhecedores de notas musicais "Como está senhor Dó Menor? Dona Ré, à quanto tempo, mais verdinha hoje!".
Para mim o Ré é verde, se eu fosse "cinestésica" era verde mesmo.
Um dia ele convida-me para tomar café e eu nem vou acreditar quando ele tocar para mim na sua guitarra de algodão. O meu chapéu será azul com muitas nuvens penduradas, e no café desenho uma ovelha dourada. A música da Pantera Cor-de-Rosa será a nossa banda sonora ao entardecer...
Ai, ai... Alberrrrto!

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