Outono

"All of those little lights in the sky
They only stick your feet to the ground
You'd better keep your head down
All of this little dreams in your mind
They only make you wonder why
When you wake up you start to cry
When you come home you just want to die
There was a time you seemed to be fine
You were a rock when you were a child
Waiting for the turn of the tide
You thought the stars were sending you love
How come you never wondered why
When you came home, you started to cry
When you woke up, you wanted to die
All of this little lights in the sky
If you can make them fall you will rise
Just turn the mic of timeI thought
I could be able to find
Something to save all I left behind
But as I grew up I changed my mind
And only remained the stars in the sky
With your innocense fly by" (musical poem by Ane Brun)

Tenho saudades de passear contigo de pijama. Recordo aquele pequeno momento antes de adormecer, aquele em que as palavras são uma parvoíce músical à qual quase nem damos importância. Trepávamos aos telhados mais altos e tentávamos encontrar gatos pretos. Ficavamos sentados a ver as estrelas e depois perdiamo-nos nas linhas turtuosas das minhas histórias. Eu contava-te histórias, não porque tu as quisesses ouvir, somente porque eu tas queria contar, dava-me um prazer terrível imaginar lugares estranhos onde te levar, e tu vinhas sempre. E fazia-me feliz imaginar, era tão simples, natural como respirar. Vinhas comigo mesmo quando tinhas muito sono e arrastavas atrás de ti a manta da tua infância. Adormecias sempre antes de eu conseguir chegar à cama. O que não sabes é que às vezes eu não descia logo pela janela, às vezes ficava por lá a olhar-te, acho que era somente nesses momentos que eu conseguia ver as tuas palavras, eu nunca consegui perceber que o teu coração era mudo, e estava sempre à espera de provar a mim mesma que estava certa, que também ele podia falar. Agora a tua janela fica num lugar longinquo que eu já não me lembro. Quando passeio nesse momento antes de adormecer por esse mundo fora, vou olhando com atenção, mas nunca mais te encontrei, nem à tua janela. Agora são passeios diferentes, há outros lugares para ver, lá os vou imaginando, tentando não crescer para não os perder nunca. Gosto especialmente daqueles com árvores, lagos e pontes... Por vezes sinto que és um sonho. E a dormir digo "é" em voz alta. É, era um sonho que eu gostava muito. Agora sou aquela estrela do mar que não encontras quando o sono está disposta a não vir e te deitas na areia a dormir. Talvez um dia te possa acordar e dizer-te a sorrir "sou a estrela do mar"! E não saberás jamais se é melhor o desejo ou o espanto! Passaram mil anos desde o nosso encontro, no entanto na tua boca de menino, deixa-me dar-te um beijo. Um beijo de saudade.

1 comentário:

Rute Magalhães disse...

Estapor e a tua mania de seres estapor.