escrito num pacote de açucar

Gostei de te encontrar debruçado na varanda a descascar rebuçados. Tinhas as bochechas de antigamente, rosadas e infantis, aquele ar malandro, o olhar meigo... tanto tempo, quase não me lembrava de ti. Chamas-te por mim, uma, talvez duas vezes, só então te vi. Queria ter sussurrado segredos e coisas malandras, mas limitei-me a sorrir e a acenar-te. Ah, como ainda vives nas paredes do meu quarto, à noite, escondido no escuro, sussurrando palavras de amor, e eu a adormecer com sorrisos gigantes naquele calor imenso que era a nossa vida, que era o mundo. Sei que são desejos impossíveis, as memórias que restam são vagas. Saudades das noites de Verão.

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