apontamentos

Não quero fazer nada. Não quero viver nem um bocadinho. Vou ficar sentada no sofá a olhar para a parede branca até o mundo acabar. Não quero ver nada nem sentir nada. Sentir é um vírus que nos fragiliza e eu quero ser forte. Eu quero ser como as pedras. Quero ser uma coisa morta para que nada nem ninguém tenha grandes expectativas. Matar tudo e não deixar ficar nada. Enterrar debaixo de muita terra os sonhos, os cheiros e os amores. Não dar mais erros ortográficos, destruir todas as canetas e rasgar todos os papéis. Não ter medo de falar. Queimar o cabelo, cortar o rosto e partir os espelhos - esses monstros. Quero destruir tudo o que faz de mim um ser humano... quero apenas não ser.

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