O Lobo e o Capucho (verde, azul ou vermelho)

- Eu gosto de ti – disse o lobo desviando o olhar para a gigantesca e secular oliveira. O Capuchinho Vermelho não disse nada. Não sabia o que dizer embora gostasse de dizer qualquer coisa ao envergonhado lobo que agora parecia perder-se em pensamentos só seus.

- Sabes que há regras – balbuciou o desajeitado Capuchinho Vermelho (ou azul, ou verde, conforme quiserem) – Os Lobos e os Capuchos não devem gostar uns dos outros, esta escrito e sempre foi assim. O autor devia ter as suas razões.
O Lobo suspirou. O Lobo não queria saber de regras nem de coisas que estavam escritas.
- Gosto de ti – voltou a dizer.
O Capucho pousou a pesada cesta de sonhos e desejos e sentou-se num tufo de relva. Cruzou as pernas e sorriu. Não havia pressa. Nem sabia porque tinha de atravessar a floresta, nem sabia muito menos porque é que o Lobo era Lobo e porque é que ele era Capuchinho Vermelho (ou verde ou azul).

Talvez não houvesse nada a dizer. Era o começo.

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