sem acentos, sem poiso, aves que voam sem parar

Ha de facto um grito que se quer soltar. Nao vamos nega-lo.
Ele esta vivo e quer sair, quer ecoar contra as rochas da montanha, quer despenhar-se desses precipicios sem fim, rebolar abismo adentro e morrer no horizonte.
Ha sonhos que querem nascer, como as folhas dos fetos. Pisamo-los e eles resistem, esmagamo-los e eles sobrevivem. Nao sabemos o que fazer com eles, sonhos e gritos misturam-se, confundem-se, diluem-se na chuva mas nunca desaparecem. Ha sentimentos que querem morrer mas nao deixamos, queremo-los so para nos, ainda que velhos e moribundos - os amores de Verao, as paixoes de infancia.
Ninguem se importa, deixemo-nos ir, qual avalanche, desfazendo tudo a nossa passagem, destruindo tudo e todos ate nao restar nada, apenas gritos no vazio.

Sem comentários: