Differentes
'Amour, allez-vouz en pour qu'on puisse mourir'*



Falla commigo, amor. Conta-me tudo.
assim dizia a tua linda carta
As saudades que soffres quem se aparta!
E como eu sou feliz, porque me illudo!

Custou-me que partisses. E, comtudo,
murmurei ao sabel-o: «Pois que parta.
Aborreceu-se? Tambem eu estou farta.
E, se mudar, então tambem eu mudo.»

Foste. O que escreves são banalidades.
E contas-me sem sombra de saudades:
«passeio... mato o tempo, assim... assim...»

Commigo quasi o mesmo se está dando ;
mas, em vez de ser eu que o vou matando,
o tempo é que me vae matando a mim.

(Virginia Victorino, Namorados, 3ª Edição, Lisboa 1921)
* O amor vai embora assim que podemos morrer

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