O caderno vermelho II

Pudesse eu perceber alguma coisa do que se passa dentro da minha cabeça e escreveria um livro sobre como vestir uma mulher com pele de cobra. Mas não percebo nada e tudo são palavras diferentes, de pessoas diferentes, como se uma bomba tivesse explodido e houvesse a necessidade de reconstruir um corpo mas não se sabe bem qual - nem bem como. Vivo com os pés na cabeça por cérebro e a cabeça nas mãos. Não dá para ter conversas ou pegar em coisas, sou um vice versa sem sentido.
E a lua continua a crescer ou decrescer lá fora, como se nada fosse, sem pensar nesta carnificina que vai dentro dos meus eus que vão existindo dentro e fora de mim, pois quando dou por mim já não dou por quem sou.

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