Love my life

The ceiling is moving
Moving in time
Like a conveyor belt
Above my eyes (PJ Harvey)

Viagens na minha Terra - Almeida Garret

"Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de estio, viajo atá à minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré."

Draft | Como um murro no estomago | Ando a perder tempo.

 Hoje pressinto que te quiseste, pura e simplesmente, ver livre de mim. Afastares-te para sempre.
Não te interessa mais a relação de paixão, de amizade, de cumplicidade, que criamos. Não te interessa mais saber por onde ando, o que faço, se me sinto bem se te desejo ainda.
Tudo isto é o contrario do que acontece comigo. Estou sempre a pensar no que estarás a fazer, a imaginar o que dizes e o que vês. E fico preocupado ao pensar nas eventuais ressacas que possas ter.
Mas de nada me serve ficar assim, preocupado, absorto em pensamentos que no fundo, só me desgastam. Muito provavelmente aquilo que penso ou imagino que estas a ver ou a dizer não tem relação nenhuma com a realidade. Paciência.
Ando a perder tempo. Ando a massacrar-me e não o mereço. Tu não mereces nada. Até ver não mereces que eu volte a pronunciar o teu nome. A chamar-te durante a noite, a desejar o teu corpo... a tua voz e o teu silêncio.

Diarios, Al Berto

Os dias que não terminam.

Este combate passivo.

A infância é também uma antiguidade com o acumular dos anos.

Tua | 1999


As pazes com o corpo - o texto lamechas da semana



Foram precisos 30 anos dentro do corpo de uma mulher, para finalmente fazer as pazes com ele.
No início foi uma relação boa, mas depois as coisas tornaram-se complicadas quando ele se rebelou e começou a crescer para todos os lados e a ter vida própria. Penso que só quem é mulher compreende o inferno da puberdade, os pelos, os seios, o período. Tudo muda e demasiado rápido. Durante anos boicotei a minha imagem por não gostar do meu corpo, e talvez "não gostar" não seja a expressão certa. Era como vestir uma roupa demasiado grande, outras vezes demasiado pequena. Mas o que demorou mais tempo a assentar-me como uma luva foram os meus seios.
Mamas.
Peitos.
Seios.
Melões.
A obsessão da descrição e invisibilidade na adolescência foi completamente terraplanada por essas duas protuberâncias que surgiram do nada, sem estar à espera, como se o meu próprio corpo me atraiçoasse - se eu não tivesse cuidado, havia olhos virados para mim. Durante anos, boicotei a sua visibilidade usando todo o tipo de arte-manhas: soutiens apertadíssimos, roupas largas, golas altas. Do outro lado do espectro, estavam as minhas amigas, que aceitaram bem a chegada dos seios, e os souberam usar como armas de conquista e sedução. E havia em mim uma admiração sem limites, porque também eu me queria sentir assim.
Foram precisos 30 anos para me olhar de frente no espelho, de olhos bem abertos e pensar "não metem medo". E rebelei-me contra todos os soutiens de enchimento, todos os soutiens que tentem disfarçar os mamilos hirtos do frio.

Hoje, posso dizer com orgulho que gosto deste corpo que tanto desgostei. É o meu, É o meu, e fica-me bem, com defeitos e tudo.

neighbors know best

"I don't wanna be your friend
I just wanna be your lover
No matter how it ends
No matter how it starts" Radiohead

Há uma magia especial quando se encontra um lote de fotografias que ilustra um pedaço da vida de alguém.


Este é o Carlos, marinheiro (incluindo do navio escola Sagres). 
Mas seria tanto mais. 
Como ele próprio escreveu numa das imagens "Ofereço-te esta fotografia para tu veres os meus saltos acrobáticos, sendo eu o 1º classificado em 10m de altura. Teu, Carlos"