- Ai que medo!
- Medo do quê rapariga? Anda lá que se faz tarde.
Não basta dizer, é preciso fazer acontecer!
livro
(latim liber, libri)
s. m.
(latim liber, libri)
1. Conjunto de folhas de papel, em branco, escritas ou impressas, soltas ou cosidas, em brochura ou encadernadas.
2. Obra (manuscrita ou impressa).
3. O que serve de instrução.
4. Folhoso (dos ruminantes).
5. Conjunto de mortalhas de cigarros envoltas em capa.
livro das quarenta folhas: baralho de cartas.
[Religião católica ] livros canónicos : os livros da Bíblia.
livro electrónico : edição em formato digital do texto de um livro.
há coisas que não mudam (You know I like to kiss your whiskey lips)
O Zé dos Telhados/Mystery Man
No Verão abrem-se as janelas sem medo. Fumam-se cigarros às escuras e pensa-se na vida e em todas as coisas que se gosta, até as mais simples como sandálias e gelados.
É talvez no Verão que ganhamos aquela coragem perdida/esquecida e ousamos sair da linha de montagem em que nos inserimos a maior parte do tempo. Tempo extra, julgo.
Eu gosto do Verão.
Gosto das janelas abertas, dos insectos esvoaçantes que dançam apaixonados em torno dos candeeiros que aquecem as ruas; gosto dos varredores que passam sem me ver e das pessoas sem sono que espreitam a rua vazia e que não são mais que silhuetas esguias e angulosas da noite.
Foi numa dessas noites de Verão que reparei nele. Deitado sobre as telhas tenras de uma casa assombrada (dizem as crianças da bola azul que por ali brincam), com a cabeça confortavelmente enfiada numa peluda e gigante almofada amarela (parecia ter roubado a lua); as pernas cruzadas balouçando lentamente e o pé que apontava para o infinito davam-lhe um ar terrivelmente misterioso. As mãos, magras e ossudas, descansavam em cima de um antiquíssimo livro negro que colocara sobre o peito. Sorria.
Sorria e todo o seu ser se perdia na imensidão de um universo novo.
Fiquei a observa-lo, também eu silhueta na noite, escondida atrás da portada da janela. Suspirava de quando a quando e quis muitas vezes deitar-me naquela almofada e desfolhar com aquele misterioso homem que se perdia nas coisas simples o livro imenso que era a sua vida.
2006
há coisas que não mudam
N ou n (éne) décimo terceiro numa ordem designada pelas letras do alfabeto.
Vinha para casa quando me cruzei com o sem abrigo que mora na rua perpendicular à minha, o sem abrigo que ocupa uma casa em ruínas com uma porta vermelha e as janelas escancaradas ao mundo (Sem, prep. indicativa de carência – Abrigo, s. m. acto ou efeito de abrigar, lugar defendido das intempéries; resguardo contra o frio; asilo; guarida; refugio). Ele não é sem abrigo. Talvez seja vagabundo (Vagabundo, adj. e s. m. que ou aquele que vagabundeia; errante; nómada; vadio; (fig.) inconstante; versátil). Tinha a barba aparada. O cabelo que lhe esconde o rosto aos olhares mais interrogadores também estava cortado e pelo que pude ver, mantém o seu andar peculiar, um andar que parece ter música, uma espécie de dança que vem de dentro e que confere àquele personagem intrigante uma aura de alegria e felicidade. Lembro-me de o ver por diversas vezes em situações que me comoveram (Comover, v. tr. impressionar; abalar; gritar; enternecer), mas hoje não foram essas lembranças que me fizeram pensar nele e sorrir ao vê-lo passar absorto na sua caminhada em direcção a (pausa) - quem o saberá?
Penso na simplicidade e nos absurdos, no desprendimento de algumas vidas e no absoluto caos sentimental e relacional de outras. Vejo-o ao longe, a ele que longe de tudo se encontra. Vejo-o vazio de laços sociais. Penso se será louco? (Louco, adj. que perdeu a razão; doido; alienado; demente; insensato; imprudente; doidivanas; extraordinário; exagerado)
Pode parecer um absurdo comparar-me com ele, mas porque não? (interrogo-me a mim e a ti)
Afinal o que é que ele tem dele e eu de meu? Queria saber se ele tem sonhos, se tem memórias de infância e medos que gritam frases cortantes ao sabor do vento. Será que lhe faz falta um casaco para este Inverno? Uns sapatos para a chuva? Uma manta para colocar sobre a sua engraçada e triste cama que por vezes transporta consigo para outros lugares? Será que lhe faz falta um amigo? Um ouvinte? Um abraço? (a mim faz) Quem quer saber destas coisas de dentro? Das minhas e das dele?
Talvez seja eu o vagabundo e seja ele a observar-me a mim e a interrogar-se.
2006
há coisas que não mudam
Teias de Aranha e Cadernos de Argola
Sentou-se no parapeito da janela como não fazia à muito. Negros pensamentos lhe pesavam na mente.«Desiste» disse o candeeiro de rua lá do topo.
«Não quero»
«Vais desistir. O tempo corre lento quando mais desejamos que ele seja veloz e nos deixe enfim livres das nossas metas inúteis»
«Estou a encontrar-me»
«Isso pensas tu», disse o candeeiro.
«Que sabes tu? Não passas de um candeeiro de rua preso ao chão».
«Sei que os dias são cinzentos, que as cores do Outono se apagaram um pouco, que as noites ficaram pequenas e os dias gigantescos e vazios, sei que não tens aberto a tua janela e que adias para depois as coisas que desejas, ate os desejos fúteis, e isso desgasta-te e entristece-te e apaga em ti as cores que és. Estás longe.»
«Como é que um candeeiro de rua sabe tanta coisa?»
«Os candeeiros como eu iluminam as noites escuras de muita gente que se tenta encontrar a si mesma e ao mundo; até parece que por vezes largam a mão de si mesmos e se perdem nas ruas, como as crianças travessas que se julgam capazes de tudo sozinhas. No final do dia, quando anoitece, penduram-se como trapos velhos das janelas e conversam consigo e com os seus demónios, tentando assim compreender-se, e até quem sabe, encontrarem-se no escuro.».
«Eu quero encontrar-me».
Ela suspira longamente e deixa-se afogar no silêncio da noite. Alguns segundos depois chora compulsivamente como uma criança que se perdeu e não sabe como voltar para casa. Chora solta e só, chora porque não precisa de explicar a ninguém porque chora.
«Sabes, entrega-te às coisas, não coloques metas a ti e à vida, és maior que isso. Isto ensinou-me um velho que costumava passear por aqui de madrugada, dizia ele que o mundo é mais bonito quando as pessoas sonham; segundo ele viver é esticar os braços e deixares-te ir.»
Ela sorriu-lhe, e ele, com o seu ar de candeeiro de rua, retribuiu-lhe com um ar terno.
«Eu quero muito não me afundar nas coisas vazias. E tenho guardado num baú os desejos pequenos como horas no café de sempre e a demanda louca aos correios… até os livros me sabem bem, as pessoas na rua quando passo no metro, as pessoas no metro que espreitam as pessoas na rua; o carteiro que toca sempre que a carta é grande de mais para colocar na caixa do correio, o senhor que apanha cartão na rua e o transporta num carrinho azul; o senhor que passeia o seu cão preso por um fio… saudades dos varredores que conversam pausadamente, saudades da livraria de sempre. Tenho saudades de mim», e sorriu; debruçou-se e sussurrou-lhe:
«Estas aí dentro».
E ficaram assim, a contar histórias sobre teias de aranha e cadernos de argolas ate que amanheceu.
(a Rute, em 2006)
Nota (escrita no dia em que alguém gritava Rute na rua, nas escadas do meu prédio, por todo o lado - e eu abri a porta de casa com o coração a palpitar para descobrir que afinal a Rute não era eu)
Receio que tenha acabado. Acabou? Porque paraste? Paraste? Que muro? Que gelo? Não compreendo porque não fazes nada, abre a janela e grita o meu nome - faz alguma coisa. Sinto que me perdi naquela manhã de nevoeiro. Não sei se algum dia irei voltar. Mas quero-te. Quero-te. Sinto que mudei de país e já não sei se te sonho ou invento, qual D. Quixote. Sou dada a estas quimeras - Rapariga doente com um coração de sangue.
Auto Retrato Surrealista (Outubro)
Rapariga com cabeça cheia. Rapariga com corpo cheio de tripas, tripas à moda do Porto, e gostava de comer um sopinha para acalmar o estômago pois está revolto como a água do mar com a tempestade que se pôs. Ou foi da cabeça da rapariga com a suas histórias? Das palavras a chocarem umas com as outras, zaragata de peixeiras do Bolhão a baterem com os rabos de pescada na cara das apanhadoras de batata transmontanas que estão de passagem.
Rapariga com o coração cheio de amor, mas para onde? Para quê? Parece comida estragada a fazer mal. Fel azedo a causar azia. Amor estragado que ninguém percebe, o raio da rapariga.
Rapazes, raparigas, quem é que percebe esta rapariga de cabeça cheia de árvores com asas e homens e mulheres vestidas de Maria. Pássaros a cantar à janela, ataques epilépticos a subir as escadas e pesadelos na carteira. Rapariga órfã, rapariga sem abrigo que não sabe o que fazer com o quarto, tem medo dos amigos, faz amizade com a solidão e quer fugir para não saber quem é. Reinventa. Reinventa a tua janela uma e outra vez e um dia a camada de tinta será tão grossa que já não a podes fechar e os monstros que querem entrar e dormir contigo, violar-te, comer-te e levar-te para passados impossíveis vão conseguir apanhar-te. Rapariga com a cabeça cheia de música de merda que não quer ouvir. Quer dormir para sempre, esconder-se dentro de um sonho e ser um homem.
As peixeiras pousam a pescada e limpam um polvo, a rapariga quer beber café. Quer parar tudo e ficar a olhar o mundo sentada numa cadeira - alheia - como uma morta num caixão. Rapariga de cabeça cheia, acorda que amanhã tens as vindimas.
Expansions
Ah! Je vous aime! Je vous aime!
Vous entendez? Je suis fou de vous. Je suis fou...
Je dis des moi, toujours lês mêmes...
Mais je vous aime! Je vous aime! …
Je vous aime, comprenez-vous?
Vous riez? J’ai l’air stupide?
Mais comment faire alors pour que tu saches bien,
Pour que tu sentes bien? Ce qu’on dit, c’est si vide!
Je cherche, je cherche un moyen...
Ce n’est pas vrai que les baisers peuvent suffire.
Quelque chose m’étouffe, ici, comme un sanglot.
J’ai besoin d’exprimer, d’expliquer, de traduire.
On ne sent tout à fait que ce qu’on a su dire.
On vit plus ou moins à travers des mots.
J’ai besoin de mots, d’analyses.
Il faut, il faut que je te dise...
Il faut que tu saches... Mais quoi!
Si je savais trouver des choses de poète,
en dirais-je plus – résponds-moi –
que lorsque je te tiens ainsi, petite tête,
et que cent fois et mille fois
je te répète éperdument et te répète:
Toi! Toi! Toi! Toi!...
(Paul Geraldy)(Eu gosto, eu gosto de ti.
Compreendes? Sou louco, sou louco...
Falo, falo, nem sei o quê
Mas gosto, gosto de ti
Gosto, tu ouves bem o que eu digo?
Gosto, tu ouves bem o que eu digo?
Tu ris? Eu pareço ridículo?
Mas, que fazer para explicar isto direito,
Para que tu sintas! O que eu digo é tão oco!
Eu procuro, procuro uma maneira...
Não é verdade que o beijo só pode chegar.
Qualquer cousa que me afoga, entre soluços e ais.
É preciso exprimir, traduzir, explicar...
Ninguém sente senão o que sabe falar.
Vive-se de palavras, nada mais.
Mas é preciso que eu consiga
Essas palavras e que eu diga,
E tu saibas... Mas o quê?
Se eu soubesse falar como um poeta que sente,
Diria eu mais do que - diz-me! -
Quando tomo entre as mãos, essa cabeça linda
Quando tomo entre as mãos, essa cabeça linda
E cem mil vezes, loucamente,
Digo e repito, e torno a repetir ainda:
Tu! Tu! Tu! Tu!)
quem sabe o que poderá acontecer se fecharmos os olhos . revisited . 100
Vamos brincar juntos, só mais uma vez!
Eu sempre gostei muito do Romeu & Julieta. Desta vez achas que eu posso ser o Romeu? Fazemos assim, eu vou trepar pela tua janela e acordar-te com um sorriso. Tu, ensonado vais perceber que sou eu que estou de volta, eu, a subir pela tua janela novamente. Imaginamos que somos actores e fazemos o nosso musical, até pudemos dançar no telhado daquela vizinha irritante que nos beliscava os pés quando íamos ver a lua depois de jantar. Se te apetecer vamos até ao rio e fazemos barquinhos das folhas de Outono, cada um com um tripulante secreto que irá a navegar até ao Oceano, e quem sabe encontre a nossa ilha dos sonhos. Não temos nenhuma? Tens razão, mas passamos a ter! O nosso pequeno pirata irá encontrá-la para nós! Temos esse pequeno segundo antes do acordar para podermos ser o que queremos. Não acordes já, vamos ficar aqui mais um bocadinho, neste intervalo entre as palavras que ninguém sabe bem o que dizem, mas que guardam tantas e tantas histórias velhas que querem ser contadas. Eu conto-te histórias para continuares a dormir, para eu poder ficar mais um pouco no teu sono, eu e a minha bola de espelhos que continua a girar! Agora. Agora, talvez o velho da guitarra toque para nós e eu continue a embalar-te para que sonhes. Os dias são a noite, e as noites são de dia. Talvez acorde contigo.
Borbulha - Há dias assim.
borbulha
s. f.
1. Pequena empola ou botãozinho na pele.
2. Fervura da água.
3. Bolha de ar à superfície da água.
4. Primeiro assomo do abotoamento das plantas.
5. [Figurado] Mancha, defeito, ponto sensível.
That's life.
Revisiting . Passing by . Wanting to say something (but too afraid of the truth) . There's something wrong with our hearts, when they beat pure they stand apart
A semana não começou hoje. Começou exactamente às 11:30 (am) de Segunda feira. Há coisas sobre as quais eu gostaria de ter escrito entretanto, deixar uma mensagem importante para o mundo, falar sobre política, quem sabe religião - o problema é que: o problema é que calcei uns sapatos novos e doem-me os pés. Sei que a maior parte das coisas que digo ou escrevo são uma patetice, e aquele pequeno mistake sobre o Japão, eu sei eu sei, marcou-me para sempre. Mas estou a tempo, não estou? Tenho tempo para poder fazer coisas que marque alguns, estou a tempo de tornar o dia das pessoas mais alegre, mais azul? Porque raio é tão complicado assumir que temos quase 28 anos e que queríamos era ter 18? O que é que marca profundamente as pessoas? Não é aquele punhado de memórias que se guardam religiosamente? Não é aquele suspiro de emoção naquelas noites sem fim em que o mundo lhes pertencia? Não era dançar!?
Preciso de ir andar de bicicleta. Mexer as pernas faz-me pensar. O mundo é um lugar confuso e eu hoje só penso em sapatos. Sim, sim, eu sei, narcisa. Mas o que eu queria mesmo era ir andar de baloiço, jogar ao apanha, brincar. Brincar sem haver relógios e tempo, brincar sem pensar no resto do mundo inteiro a morrer à fome, a morrer. A morrer. Queria ter de novo aquela inocência de não saber nada do mundo, a inocência de poder ser o que quisesse pois tudo é possível! Eu já namorei um vampiro, lutei com os barões da droga, vivi nos Estados Unidos, beijei o Batman e jantei com o Spider Man, e hoje... hoje eu faria tudo isso outra vez! De janela aberta, para o que der e vier.
time machine
Hoje quero ser menina. Sim, vestidos com lacinhos, baton, perfume e flores. Saudades de comprar ramos de flores e de as colocar dentro de garrafas com significados especiais. Dançar Belle & Sebastian às três horas da manhã quando já estiver farta de escrever e me começar a sentir um bocadinho sozinha. Fazer café e beber chávenas cheias como se fosse chá. Coisas assim, de miúda.
Vómito . Palavras que formam frases e essas frases um texto. Um texto que diz qualquer coisa que não tem nada a ver comigo . Subscrevo tudo . É mentira
Fugir. penso nisso muitas vezes quando dou por mim imersa nessa solidão matinal dos dias que se perdem na rede da vida. Fugir em direcção ao horizonte e transformar-me numa daquelas silhuetas disformes que dançam um bailado suave ao desaparecer suavemente para sempre nas nossas memórias, mas não bem, fica a névoa de um dia quente e bonito com laivos de dourado de uma manhã quente de Outubro. Rasgo a minha roupa para me ver melhor, para ver se ainda estou aqui dentro de mim , e sim. Consigo vislumbrar qualquer coisa pálida, uns seios redondos que a medo se mostram, um ventre liso, umas pernas compridas e trémulas que não percebem a rejeição. Estou aqui, debaixo de todos estes trapos que servem de personagem e que vão cumprindo o seu papel. De mim apenas as minhas mãos seguem a sua jornada, mostrando a sua beleza de sempre, nuas, prontas a serem tocadas em qualquer altura. Não que isso te interesse, eu sei que não. E vou vomitando estas coisas para os papéis, para os livros, sublinhando textos e frases a ver se me curo, como se tivesse ingerido um veneno e agora morresse aos poucos, cuspindo pedaços de um amor que se vai desfazendo em cartas, frases, livros e outras pessoas. Enveneno-me cada vez mais e espero que a minha cura esteja algures entre as viagens de comboio e o cais.
só sinto o mar
dentro de mim há um deserto. estende-se até ao infinito. é azul, da cor do céu. é nele que mergulham as emoções como peixes cansados de voar. eu dispo-me nesse deserto e no instante em que a minha pele fica nua eu e ele somos um. não sei onde começo ou termino. se me deito, perco-me de mim e sou o infinito que existe nas coisas belas. também eu sou como um peixe sedento, quero saciar a sede nessa areia. mais, mais que este mar não chega. morro. eu morro se não beber desse mar azul.
171 páginas
Ah piratas, piratas, piratas!
Piratas, amai-me e odiai-me!
Misturai-me convosco, piratas!
(Álvaro de Campos)
Piratas, amai-me e odiai-me!
Misturai-me convosco, piratas!
(Álvaro de Campos)
Cadernos velhos . Folhas escritas com caneta azul
Ainda tenho uma carteira grande onde posso guardar garrafas de vinho verde. Vamos comprar? O parque deve estar vazio a esta hora, pomos musica a tocar e dançamos com a garrafa na mão, dançamos aquela música que fala sobre árvores que voam.
Sinto falta desses momentos em que nos deixávamos ir sem pensar nas consequências, o tempo era uma mentira e nós éramos deuses capazes de mudar o mundo. Eu acreditava em mim. Eu acreditava naqueles beijos na boca, todos eles.
Depois corríamos e rebolávamos na relva húmida pelo orvalho. As estrelas multiplicavam-se porque nós assim o queríamos, queríamos mais estrelas, mais céu, mais sentimento.
A todos esses momentos, eu dedico esta dança tresloucada de sábado à noite.
I'm sick with my own romanticism . To hell with love (Há dias assim, e este é o segundo)
Quanto mais longe, mais perto me sinto de ti, como se os teus passos estivessem aqui ao pé de mim e eu pudesse seguir-te e falar-te e dizer-te quanto te amo e como te procuro, no meio de uma destas ruas em que te vejo, zangado de saudade, no céu claro, no dia frio. Devolve-me a minha vida e o meu tempo. Diz qualquer coisa a este coração palerma que não sabe nada de nada, que julga que andas aqui perto e chama sem parar por ti.
(Miguel Esteves Cardoso)
c'est une histoire d'amour
But where do you go to my lovely
When you're alone in your bed
Tell me the thoughts that surround you
I want to look inside your head
When you're alone in your bed
Tell me the thoughts that surround you
I want to look inside your head
O amor é fodido e eu nunca tinha percebido isso
Quero dançar contigo. É verdade. Quero comprar-te vodka e convidar-te para dançares comigo uma música engraçada, nem precisava de ser uma daquelas musicas calminhas. Fingimos que estamos nos oitenta e rimos embriagados enquanto o ritmo nos entra nos ossos, ouvidos, na alma e nos transforma. Eu quero dar-te a mão às escondidas, para ninguém ver, como se tivéssemos 16 anos outra vez, queres ter 16 anos outra vez para podermos dar as mãos? Ai ai, quem sabe o que viria a seguir, um beijo roubado, um beijo corado, um riso envergonhado de quem se sente bem. Aquela sensação no estômago... era bom!? Diz a verdade. Eu quero convidar-te para invadires os meus sonhos e me levares contigo a correr pelo bosque. Eu quero fazer muitas coisas contigo, algumas das quais eu não posso escrever neste bilhete. Mas fico corada só de pensar. Podes imaginar todas as coisas e depois, depois se quiseres fazer coisas comigo. Depois... Silêncio. Eu não digo nada (eu sorrio apenas e dou-te a mão às escondidas).
(Carta, algures em papel)
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